Socorro chorou. Babi chorou. Era meu momento. E todo mundo aplaudiu muito. Mas Babi aplaudiu mais. Que Beatles, que nada! Lembro de tocar sorrindo, feliz por agora ter o respaldo da plateia. Que orgulho, cambada! Babi entrou no nosso canto musical com aquele sorriso que Deus ou um dentista muito bom lhe deu, branco, perfeito. Foi direto no Pedro sortudo!
Limpei muito essa bundinha quando Para de falar essas coisas! Pelo amor de Deus! Sempre tem. O que acha? Gente, rimei! Elogios sinceros vinham de todas as partes. Como eu sei que eram sinceros? Ah, sabendo. Era tudo de verdade. Mas legal mesmo foi ver o pai do Theo. Que orgulho, que coisa bacana! Porque eu ralo muito! Teve a quem puxar. D e cabelos curtos e platinados, Mariana era craque com a bola, e sempre preferiu a companhia dos garotos, com quem jogava pelada nos fins de semana.
Claudenir, vulgo Clauclau, nunca teve um trabalho fixo. Na verdade, nunca se soube o que exatamente ele fazia. Uns bicos aqui, uns ali Carteira assinada?
Era o que os mais velhos chamam de bon-vivant. Adorava a noite, a bebida, a vida. Mas um negocinho pequenininho chamado responsabilidade passava longe dele. O motivo? Morreu sem conseguir realizar Isso e tantas coisas Era o piano ou a gente, filha! Assim, poderia ajudar na renda de casa trabalhando de carteira assinada, tocando em bares e churrascarias.
Tinha pavor de ver os anos passarem e Mari se tornar uma artista frustrada, como o pai, que morreu sem nem tentar o sucesso. Munida de coragem e vontade de trabalhar, bateu na porta e saiu contratada para tocar nas aulas de meninas de 5 a 8 anos.
E era genuinamente feliz desse jeito. Mari era uma pequena monstra. Nem o trabalho atrapalhou suas notas. Quero que continue guardando seu dinheirinho. Mari cantava, e muito bem. A menina arrasa! Algum problema com o sexo feminino? Risos gerais. Ou algo assim. Quando Mari subiu ao palco, deu para ver que brilharia mesmo no escuro. Deixa, eu gosto de falar do Roberto assim. E de Caetano, Chico, Erasmo. Mas o elogio fazia sentido. Ela era tudo mesmo.
Tudo de bom. Que menina original! A namorada de Pedro estava certa. Faltava Mari na nossa banda! Vai ser demais ter uma garota na banda. Viram que nariz perfeitinho? Acho nariz perfeito de mulher uma coisa de Deus! Rimos olhando fixamente para o nariz de Pedro e constatamos que ele era Eu que te descobri! Babi ficava ainda mais linda quando sorria. Agora a banda estava formada. A menina canta muito, Theo! O timbre dela combina com o seu! Encaixe primoroso?
E agora era pra valer. Ela contou. Gostei de cara da garota. Eles fazem lixo. E ao One Direction. Ah, se ela ouve isso! Diva maior! Dez a zero para a Mari!
E era mais velha E ia tocar com a gente. E ainda sambava! Meu sonho naquele minuto era ver a cabrocha rebolar, rebolar, rebolar. Linda desse jeito e ainda curte rock e samba? E tem piercing no nariz!
Ao ver que todos olharam para ele, enrubesceu. Tudo bem Parecia brava. Na verdade, a garota descabelada era calada na maior parte do tempo. Estava pronta! Ela era totalmente demais. Verdade seja dita, nosso vocalista se deu muito bem. A voz de Mari fez Theo parecer melhor do que ele realmente era. Bora pensar! A gente enrolava muito quando o assunto era o nome da banda.
Sem nome, mas uma banda com um show pronto. Gente amiga, sim, mas minoria. Depois de muito discutirmos Vai ficar lindo, cara! Pode acreditar! Querem que eu desenhe? Nunca fiz Nem um mosquito, nem uma mosca, nem uma goteira inconveniente, nem o cara que passava de carro berrando no alto-falante que comprava geladeira velha, lata velha, ar-condicionado velho.
Nosso corpo falava. Estava ficando angustiante. Mudez total e absoluta. Em pouco tempo eu que morreria. Optamos por pensar em temas para desenvolvermos uma letra.
Todo adolescente tem um sonho — sugeriu Mari. Compor ou tentar compor seria nosso dever de casa aquela noite. A coisa estava crescendo. O namoro de Pedro e Babi seguia firme, para minha inveja. E o Pedro era um dos caras mais legais que eu conhecia. E gostei do que escrevi. Sofri sim. Pouco, mas sofri. Jamais seria capaz de trair o Pedro Verso bom! Certa rima com esperta Contava os minutos para sair do ambiente escolar e ir mostrar minha letra para a galera.
E se achassem um lixo? Tornassem a letra melhor? Lapidassem o que eu tinha feito? Pra homenagear o Kiss — contei. Quim engasgou nesse momento. Pobre pirralho. Nem ele acreditou no que ouviu. Banda Beijo? Nem tinha pensado em botar a palavra banda antes, mas fica bom. Banda Beijo.
Acabei de me ouvir falando Banda Beijo. Foi o Quim, aposto! Calei a boca agora! Esse nome sensacional? E olha que eu nem malho — Mari entrou na brincadeira. Maria de Lourdes! Forte, novo, diferente, inusitado!
E um personagem que eu adoro! Banda Nova Eu gosto — elogiou Theo. Todos desinflamos. Espasmo Interrompido! Seio de Virgem! Eu pensei numa letra — comecei, dando uma leve e tensa pigarreada.
Quando terminei a leitura, mantive meus olhos no caderno, cujas folhas estavam quase grudadas nos meus dedos molhados. Confiante, feliz e aliviado com o aplauso geral, respondi: — Que nada, gente! Mas quero uma porcentagem dos direitos autorais, hein? Quem nunca? Tadinho de mim. Sua nova mania era tentar entender como funcionavam as engenhocas. Boa, filho! Diba sorriu orgulhoso para o pai.
Seus dias se resumiam a escola, casa do Pedro, sua casa. Cada um tinha sua vida fora dali. Flora, irritada como sempre, se descontrolava: — Eu e o Osvaldo trabalhamos fora o dia todo.
Eu tenho que ajudar ele a tomar banho, a se vestir. E vou rezar para ele melhorar logo. Manda uma mensagem pelo celular! O seu marido convalescendo, e eu pensando em arroz integral.
Se quiser ficar uns dias em casa cuidando dele Preciso trabalhar. Mas muito obrigada, viu? Pode ficar tranquila que vou fazer meu trabalho direitinho, como sempre fiz. Gosto de quem come minha comida com vontade! Adoro esses meninos! Osvaldo mostrou a ela a garrafa do 12 anos que mantinha no bar. A Marilene deu pra encher a cara agora? Quem mais beberia? No nosso encontro seguinte, disse a eles o que pensava: — Banda forte, palavra forte. Motivo tosco, pensei. Mas levava na boa.
A gente vai ter logomarca? De quem? Do batera! Quem vai!? Como eu adorava aquela turma! Primeiro sucesso. Sim, sou gente boa desde pirralho. Pedro mostrou a melodia. Era boa! Um roquezinho grudento e cheio de personalidade. Logo fui para a batera para acompanhar. Ficamos ajustando o arranjo, um dando pitaco no instrumento do outro, totalmente entrosados, como um time de verdade. E foi ficando boa a coisa. E com seu telefone fez o papel de camera man com direito a closes da gente, takes dos instrumentos, fotos, muitas fotos.
Ele se referia ao evento na minha escola, claro. O teatro era um mundo de gente! A gente tem que se divertir. Eu estava assustado, ansioso, feliz. Todos da banda estavam assim.
Respirei fundo de olhos fechados. Defendido com louvor por Theo e Mari, que mandaram muito bem. Ou o melhor, dependendo do ponto de vista. Mas podem chamar o cara de Harry Potter que ele atende. Fomos ovacionados. Foi impressionante. Meu Deus! E como eu adorei ouvi-las! Vou te passar o contato dele. Convidamos trezentas e cinquenta pessoas.
E corri desembestado para contar a novidade para todo mundo. Comemoramos com um jantar na casa do Pedro. Nem pensar! Estamos bem na fita, cara! Viva One Direction! E provavelmente a muitas outras coisas. Ou melhor, da sua vidaaaa. Era cacife mesmo. Pedro me entendeu. Ensaiamos exaustivamente. Apesar de chateados, compreendemos. Para justificar tantos atrasos, a sua casa deve ser enorme, maior do que a do Pedro.
Ela escolheu esse caminho! Ela trabalha em banco a vida toda! Respeitando a banda! A gente vai fazer um show importan Na boa! Muito mal. Que discurso grosseiro, quanta agressividade. Ficamos um tempo nos entreolhando sem dizer nada, perplexos.
Claro que sim! Como ele, eu era um pequeno covarde. Eu fiquei. Para de filmar, Susi! Desliga isso! Acabou pra mim. Mentalmente, claro. Pirou — Theo deu seu veredito. Odeio atrasar, errei e pedi desculpas, me arrependo profundamente, mas me atacar desse jeito Nem tenta!
Da festa da Carla e da banda. Ela vai voltar! Podem acreditar — profetizou. Morri de pena. Susi tinha ido com a amiga, evidentemente. Foi embora mesmo. A loira estava decidida. Nem no auge da minha imaturidade pensei: Meninas Que seres exagerados! Tentamos o celular. Caixa postal. Mandamos mensagem. Sem resposta. Estava tudo muito estranho. Arriscar fazer sem a nossa tecladista que tem voz de Marisa Monte?
Nem em casa sabiam dele. Tudo errado! Ainda mais desse porte! Menina se entende com menina nessas horas. O que aconteceu? E o que foi aquele show ontem? A Mari saiu da banda, sabia? Muitas perguntas. Mas muito mal mesmo! Falou com ela? Era incapaz de nos olhar nos olhos. Vamos ter que fazer o show sem a Mari. Tudo ficou mais nebuloso. Vamos tocar a portuguesa! Babi e Mari acharam fofo. Passamos o show duas vezes.
Chegamos cedo para ensaiar no palco. Que palco! Mais gente boa O que foi que eu fiz, Gualter? Dava pena. Parecia que um trator havia passado por cima dele. Dez vezes. Ao ouvir o burburinho dos convidados chegando, bateu aquele frio na barriga. Pedro olhou torto para o vizinho antes de explicar para a aniversariante que Acabou de chegar com uma amiga.
Linda como nunca a vira antes, com roupa de show preta e brilhosa ou seria roxa e brilhosa? Ah, sei que tinha brilho. Muitos aplausos. Todos rimos. Os dois se olharam profunda e demoradamente.
Com um beijo. Com um beijo! Foi um selinho, tudo bem. Mas daqueles mais longos, de boca entreaberta. Por q Nada de mais. Vai ajudar o cara. Ser o anjo dele. Por isso que te amo tanto. Prefiro puxar o assunto com ele na hora certa, com jeitinho Que bom que voltei mesmo. Nosso primeiro show podia ser traduzido por uma palavra: sucesso. Parece que um amigo da Carla leu meus pensamentos.
Hoje em dia tem que ter clipe! Posso dirigir o clipe? Meu pai tem uma produtora, a gente grava, edita e publica o clipe no YouTube! Momento ego inflado passou despercebido no camarim, mas que ele inflou com a palavra genial, inflou. Vai ser demais! Mas geral me chama de Bruninho. Sou meio ansioso. O coitado ruborizou.
Vamos fazer um clipe? A Susi gravou! Mas nenhuma delas pode ser considerada profissa — contou Pedro. A gente vai ter um clipe! Gravei um pouco com meu iPhone hoje, se der pra usar as imagens no clipe, a gente usa. E genial. Que feio! Era o momento da banda, segundo ela. Babi era demais. Fui ao banheiro dar uma barrigada! Que meigo!
Embriagada por palavras. Outra noite sem dormir. Ledo engano E passar para os nossos amigos! As primeiras imagens foram feitas na casa do Pedro. E quando ele disse muitas vezes, ele quis dizer muitas vezes mesmo. Era take de baixo, take de cima, close em cada um, em cada instrumento, tomada geral da banda. E repete. E repete mais uma vez. E corta para a praia. Bruninho cismou que o clipe tinha que ter praia. Sofri bullying, obviamente.
Mas tudo bem. E assim Bruninho acalmou Theo. Todo mundo sabe! Em poucos dias fica pronto! Quando eles foram embora, Theo, Pedro e eu voamos para a piscina para relaxar. Deixa de ser bobo! Mari foi direta. Tipo todo dia? Olha pra mim! Onde estava o Bruninho ansiosinho? O Bruninho deve estar caprichando! Gente chata! Os dois estavam certos. Claro que estavam. Mas esperar cansa. Lado A e lado B. Quem era eu para discutir com a diretora da escola?
E sinto o maior orgulho disso. Na maior parte do tempo. Isso vem do Orkut, claro, onde as pessoas precisam aceitar os pedidos de amizade. Nem no mundo virtual, nem no mundo real. Isso me tira o prazer de twittar. E chato. E ainda cartinhas, fotos, desenhos Ano que vem espero ir para Minas, Salvador e outros lugares desse Brasil imenso. Aline Teixeira 21 de fevereiro de Elizete Silva 23 de fevereiro de Ludyanne Carvalho 23 de fevereiro de Ana Paula Santos Moreira 28 de fevereiro de Elizangela Silva 28 de fevereiro de Ana I.
Carregar mais Tecnologia do Blogger. Perfil Gisela Menicucci Bortoloso. Aqui gostaria de compartilhar com todos o prazer da leitura. Sejam Bem Vindos!
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